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Paraty (RJ) |
O Turismo em Paraty |
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O turismo em Paraty
No extremo sul do Estado do Rio de Janeiro, na divisa com São Paulo, situa-se Paraty, no fundo da Baía da Ilha Grande e aos pés da Serra da Bocaina. Com esta geografia peculiar, Paraty foi privilegiada com praias esplêndidas de águas verdes e transparentes. Sua baía, crivada de ilhas paradisíacas, é o cenário dos inesquecíveis passeios de escuna e mergulhos entre os belos peixes e corais. As trilhas na Mata Atlântica e as cachoeiras do entorno, com destaque para o Parque Nacional da Serra da Bocaina, são grandes atrativos para praticantes de ecoturismo e em busca de aventura.
Hospedar-se em Paraty é uma agradável experiência, seja no centro histórico, em frente às praias ou próximo às cachoeiras da serra. Há centenas de charmosas pousadas e hotéis construídos em estilo colonial oferecendo hospedagem em apartamentos confortáveis, com áreas de lazer decoradas com vegetação nativa, o que torna os ambientes muito aconchegantes. As reservas podem ser feitas por telefone ou via internet.
Paraty também é famosa pela qualidade de sua gastronomia, ofertando desde as tradicionais receitas caiçaras e indígenas, iguarias portuguesas e africanas, a pratos da culinária internacional. A maior parte dos restaurantes se localiza no centro histórico, oferecendo grande diversidade de serviços, muitos com música ao vivo. Os doces típicos locais, como o pé-de-moleque, o maçapão e o manuê-de-bacia, chamam atenção pelo paladar e pela forma como são vendidos, por ambulantes nas ruas do centro histórico em carrinhos de madeira. A todo momento um carrinho de doces cruza por quem está perambulando pelo centro histórico, o que pode ser um bom convite a recarregar as energias e continuar o passeio.
Outra atração gastronômica imperdível em Paraty é a fabricação artesanal de cachaça, tradição que remonta ao século XVIII. O município já chegou a ter mais de 200 engenhos e casas de moenda, e possui atualmente cinco engenhos artesanais em funcionamento, incluindo roda d' água, moenda, barris de carvalho, fogão de cobre e fogo à lenha.
Paraty respira arte, o que pode ser percebido em suas ruas. O rico artesanato tem fortes raízes na história de intenso intercâmbio cultural da cidade e há produtos com características muito interessantes. As habilidades manuais são passadas de geração em geração, principalmente entre as mulheres, e são um complemento das atividades econômicas básicas (pesca e lavoura) do caiçara . Os produtos típicos do artesanato paratiense são trabalhos em tecido, madeira, cabaças, fibras vegetais e papel machê, com destaque para as bonecas de pano, barcos e remos de madeira e as máscaras. Há também vários artistas, locais e vindos de outros cantos do mundo, que se inspiram nos cenários de Paraty para criar obras de arte dignas das melhores galerias.
As agências locais de receptivo oferecem inúmeros serviços turísticos e são uma boa referência para quem quer se divertir, aventurar-se ou vivenciar experiências culturais com conteúdo e segurança. Com 300 praias, 65 ilhas, cinco unidades de conservação de Mata Atlântica, centenas de cachoeiras e uma população local acolhedora e criativa, não falta o que fazer em Paraty. Há praticamente de tudo, para todos os gostos. As agências locais oferecem excelentes opções de ecoturismo e aventura, como passeios de barco, mergulho, rafting, trekking, passeios off-road e arvorismo. É importante procurar as agências legais, cadastradas no Ministério do Turismo e que seguem as normas de segurança para estas atividades.
Cadastur
Ao contratar serviços para uma viagem, convém verificar se a empresa está cadastrada no Ministério do Turismo. O cadastro dos prestadores de serviços é grande fonte de consulta para o mercado turístico brasileiro e proporciona benefícios para os serviços turísticos cadastrados. Para ter acesso às informações detalhadas sobre os prestadores de serviços regularmente cadastrados, acesse www.cadastur.turismo.gov.br
O Turismo Cultural em Paraty
O centro histórico de Paraty é um convite a uma verdadeira viagem ao passado. Como não são permitidos carros nesta parte da cidade, o casario bem conservado e representativo das arquiteturas dos séculos XVIII e XIX, pode ser admirado em um passeio a pé por suas ruas irregulares, calçadas com pedras no estilo pé-de-moleque. As sutilezas históricas de Paraty são muitas e quase intocadas, como o símbolo enigmático dos maçons nas paredes de inúmeras casas do século XVII, a forma labiríntica de suas ruas ou os lampiões que iluminam a noite, dando um charme especial aos casarões.
Entender um pouco do contexto histórico é interessante para compreender como e por que esta cidade se tornou um local tão interessante para visitar. A Vila de Paraty teve nos primeiros séculos de sua história uma importância estratégica no cenário histórico brasileiro. Nesta época foi entreposto comercial utilizado para a entrada de mercadorias e escravos e porto para o escoamento do ouro das Minas e posteriormente para o café do Vale do Paraíba. Todo este movimento econômico criou uma cidade dinâmica, receptiva aos estrangeiros que circulavam por ali e traziam as novidades do mundo.
Porém, a abertura de novos caminhos e a criação de rotas alternativas dentro do País reduziu a importância do porto e gradativamente isolou Paraty. Esse contexto de isolamento geográfico durou aproximadamente cem anos e teve como consequência direta um processo de estagnação econômica. Somente na década de 1970, com a construção da rodovia Rio–Santos, Paraty voltou a se integrar ao novo ambiente econômico da região. A rodovia permitiu o acesso do público a um dos mais íntegros sítios históricos brasileiros e à maior área contínua preservada da Mata Atlântica do país. Se o isolamento geográfico e a estagnação econômica impediram o crescimento de Paraty, por outro lado garantiram a preservação e a integridade de seus patrimônios naturais e culturais, elementos que a diferenciam de outras cidades brasileiras e que se constituem hoje em sua maior riqueza e fator de atratividade turística para a região.
Na área ambiental, Paraty abriga importantes unidades de conservação da Mata Atlântica, o bioma mais ameaçado do Brasil, com áreas de proteção ambiental (APAs), estações ecológicas e o Parque Nacional da Serra da Bocaina, conjunto inserido na Reserva Mundial da Biosfera, reconhecida pela Unesco.
Na área cultural, há desde o consagrado city-tour pelo centro histórico até vivências de culturas tradicionais nos quilombos e aldeias indígenas, além de passeios interpretativos pelo Caminho do Ouro e museus da região. Ainda no centro histórico, há a Casa da Cultura, um espaço interativo que permite conhecer mais sobre a cultura e história de Paraty. Os eventos culturais, tradicionais e contemporâneos, trazem visitantes para a cidade durante o ano todo. Vale conferir o calendário da cidade antes de programar a viagem.
O SEGMENTO DE TURISMO CULTURAL
A relação entre turismo e cultura é histórica. Desde os primeiros movimentos turísticos do mundo moderno, muitos foram motivados pela busca de conhecimento e pela cultura de lugares distantes. No Brasil, recentemente o setor turístico passou a entender melhor esta relação e a estudar formas de empregar a pluralidade da cultura brasileira para desenvolver a oferta de pro¬dutos de Turismo Cultural autênticos. Esse segmento tem a capacidade de promover e preservar a cultura de um destino, além de oferecer às comunidades bem-estar e a oportunidade de participação.
Desta forma, cultura e turismo configuram, em suas diversas combinações, um segmento denominado Turismo Cultural, que se materializa quando o turista é motivado a se deslocar especialmente com a finalidade de vivenciar aspectos e situações particulares do destino.
Diante da abrangência e diversidade dos termos turismo e cultura, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Cultura e o Iphan, estabeleceu um recorte nesse universo e dimensionou o segmento com a seguinte definição:Turismo Cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histó¬rico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura .
A relação entre cultura e turismo fundamenta-se em dois pi¬lares: o primeiro é a existência de pessoas motivadas a conhecer culturas diversas e o segundo é a possibilidade do turismo servir como instrumento de valorização da identidade cultural, da preservação e conservação do patrimô¬nio e da promoção econômica de bens culturais. Ou seja, para desenvolver este segmento turístico é preciso conhecer muito bem a demanda e a oferta.
Pesquisas de demanda permitem conhecer as preferências e necessidades do turista e elaborar produtos adequados a cada perfil consumidor. No caso desse segmento, é também importante saber quais atividades têm a preferência do turista e como elas podem ser organizadas como parte da programação de uma viagem. Ainda há poucas pesquisas específicas para o segmento no Brasil, mas é possível analisar dados básicos da demanda como procedência e número de visitantes, consultando registros, livros de visitas de órgãos e instituições de cultura, tais como museus, centros culturais e igrejas.
Alguns estudos realizados em outros países também podem servir de referência para conhecer o perfil do turista cultural. Estes trabalhos apontam para a existência de dois tipos de turistas que visitam atrativos culturais:
- Aqueles com interesse específico na cultura, isto é, que desejam aprofundar-se na compreensão das culturas visitadas e se deslocam especialmente para esse fim
- Aqueles com interesse ocasional na cultura, possuindo outras motivações que o atraem ao destino, relacionando-se com a cultura apenas como uma opção de lazer. Esses turistas, muitas vezes, acabam visitando algum atrativo cultural, embora não tenham se deslocado com esse fim, e, apesar de não se configurarem como público principal do que conceituamos de Turismo Cultural, são também importantes para o destino, devendo ser considerados para fins de estruturação e promoção do produto turístico
Os resultados das pesquisas com os turistas facilitam ao destino e aos empresários o desenvolvimento de produtos de Turismo Cultural que atendam aos diferen¬tes perfis, motivações e interesses de viagem, permitindo a segmentação da demanda e melhores ações mercadológicas.
Com relação à oferta, quanto maior a diversidade de opções e atividades, maiores serão as possi¬bilidades de criar produtos diferenciados. Além de estimular a permanência do turista no destino por um período de tempo maior, atividades culturais incentivam a visitação nos períodos de baixa temporada e fortalecem a autoestima da comunidade, que passa a se sentir incluída no processo de desenvolvimento turístico.
Neste segmento, as opções de produtos e atividades turísticas são tão vastas quanto a própria diversidade cultural do destino: pintura, escultura, teatro, dança, música, gastro¬nomia, artesanato, literatura, arquitetura, história, festas, folclore são combinações que permitem a vivência da diversidade cultural brasileira e garantem a satisfação do visitante.
Diversas atividades turísticas motivadas por interesses afins podem ser incluídas no âmbito do Turismo Cultural e constituem segmentos específicos: Turismo Cívico, Turismo Religioso, Turismo Místico e Esotérico, e Turismo Étnico. O Turismo Gastronômico, entre outros, pode também instituir-se no âmbito do Turismo Cultural, desde que preservados os princípios da tipicidade e identidade.
Para desenvolver o segmento de Turismo Cultural é necessário implementar ações con¬juntas, planejadas e geridas entre as áreas de turismo e de cultura. Neste contexto, há que se contemplar o respeito à identidade cultural e à memória das comunidades. É importante ter em mente que o patrimônio cultural – mais que simples atrativo turístico – é fator de identidade e de memória das comunidades e, como tal, deve ter seu sentido respeitado.